EMPANTURREI: de tantas confraternizações

“só nos resta fazer a primeira
“olá” do ano novo que começa”

O ano terminou e também acabaram as confraternizações. Na empresa foi o tradicional churrasco de confraternização. Na seção de trabalho a brincadeira do “amigo secreto”, com direito a outro churrasco na revelação. Na casa da família, mais “amigo secreto” com mais churrasco. Na escola os amigos também organizaram uma confraternização comemorada na churrascaria. No bairro os vizinhos se confraternizaram com trocas de presentes e mais churrascada.

Na noite de Natal a passagem foi comemorada com muitos comes e bebes. Nem bem a digestão aconteceu, teve também o almoço de Natal com toda a família. Teve a confraternização da virada para o Ano Novo em que todos saborearam farta comida. Para empanturrar de vez o almoço do dia 1º também teve umas “sobrinhas” com tudo mais que for de comer.

Ah!, estava esquecendo da novena que muitas famílias fizeram nos nove dias que antecede o Natal, com direito a nove dias de muita reza e comilança.

Depois de toda essa fartura começa-se o Ano Novo com mais peso, intoxicado, empanturrado e para os que beberam o começo de ano tem sabor de ressaca das “brabas”.

Quem não se lembra daquele conhecido que, possuído pelo sentimentalismo, falou o que não devia na festa de Natal? E daquele casal que resolveu acertar as contas enquanto todos brindavam o nascimento de Jesus Cristo?

Tem também os comentários, dos fatos ocorridos nas confraternizações, as brigas, empresa que cobrou parte da festa do funcionário, a empresa “mão de vaca” que não fez nada, e a outra empresa que não deixou familiar entrar na festa, o diretor da empresa que bebeu mais da conta e ficou animadinho, o amigo secreto que ganhou um presente porcaria. etc.

Tem ainda comentários dos patrões de que determinados funcionários exigiram uma cesta de Natal, como se presente fosse uma obrigação. Imagine a cena, ou me dá uma cesta ou te coloco no “pau”.
Além de empanturrar para que servem estas confraternizações? O que isto acrescenta no currículo e na vida pessoal? E porque só no final do ano? Será que todas estas comilanças acrescentaram alguma coisa na minha vida, no meu currículo profissional.

São perguntas impertinentes que nunca obtive respostas para este comportamento de fim de ano.
Confraternização é a reunião de pessoas com as mesmas idéias, sentimentos e crenças. Assim estas comemorações devem ocorrer no seio da família, não devendo a empresa impor confraternização, salvo se os funcionários por iniciativa própria o fizerem de livre e espontânea vontade. Da mesma forma os funcionários não podem exigir da empresa uma cesta ou uma festa.

Polêmicas à parte, penso que é o momento oportuno para uma reflexão e propício para analisar o que passou e planejar o futuro Ano Novo, seja na vida pessoal ou no trabalho. A empresa deveria mudar este comportamento, organizando um seminário para que todos os assuntos relacionados com o trabalho viessem à tona. Dar oportunidade para uma divisão dos conhecimentos adquiridos por todos durante o ano que se encerra. Deveria analisar os erros e acertos de seu pessoal e prepará-los para o Ano Novo que começa.

Que tal antes de empanturrar seu funcionário já empanturrado de tanta festa e comilança, dar o alimento para sua autoestima, fornecer a ingestão do eu quero, eu posso. Estou certo que esta mudança de atitude colocará o trabalhador como melhor conhecimento, melhor ser humano com excelentes resultados para a empresa e o trabalhador.

Agora que a manguaça de final de ano já evaporou do corpo, e aquele pernil da ceia da virada literalmente já foi embora, como também toda a louça de final de ano já está lavada, só nos resta fazer a primeira “ola” do ano novo que começa!

João de Araújo é pós-graduado em RH, advogado e consultor trabalhista e diretor da Abal Gestão de Serviços Ltda

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